Depois do meu último post decidi falar sobre a gratidão. Actualmente ouço muita gente falar da gratidão e da necessidade de estarmos grato por tudo o que temos na vida. O que mudou?
Os meus pais ensinaram-me a dizer obrigado sempre que alguém me oferecesse algo, me elogiassem ou reconhecessem algo que tenha feito.
No entanto, enquanto adulta, dentro do mercado de trabalho e fora dele, percebi que para muitas pessoas, e para mim também, receber um elogio era algo que incomodava e, consequentemente, agradecer era igualmente desagradável. Afinal, ao longo da nossa formação académica tínhamos aprendido que o sucesso e resultados excelentes eram equivalentes ao trabalho obrigatório, portanto, não nos víamos a ser excelentes, mas antes a fazer o que era exigido de nós.
A determinada altura cheguei a ouvir as palavras "Não te fica mal dizeres obrigado. Tens de aprender a agradecer". Posso dizer que devo um grande OBRIGADO à pessoa que me disse essa frase pois foi resultado dessa frase que eu voltei aos valores incutidos pelos meus pais e passei a agradecer sempre que ouvia um elogio. Inicialmente custava-me horrores dizer essa palavra, ficava envergonhada até.
Com o tempo fui aprendendo e acabei por fazer do OBRIGADO parte da minha forma de ser. Afinal, um elogio enche-nos sempre a alma e é uma prova externa das nossas qualidades.
Foi numa altura em que combinava trabalho com pós-graduação, pouco sono e refeições no carro que uma amiga me diz "até com o pouco tempo que tens, consegues ter tempo para olhar para o céu e aproveitares aquele momento". Ia eu a caminho do trabalho de manhã quando começo a reparar no céu, nas nuvens e no som dos pássaros que se ouvia (sim, tinha a sorte de trabalhar num desses sítios maravilhosos em que se vê e ouve natureza). Nesse instante, vindo de mim sai um OBRIGADO que não esperava.
Foi nesse dia que comecei a valorizar todas as pequenas coisas maravilhosas que acontecem nos nossos dias.
Ao longo dos últimos anos aprendi muito mais sobre a gratidão, sobre a importância de agradecermos coisas tão pequenas, mas tão pequenas que as damos por garantidas na nossa vida: as chamadas da família, a discussão com um colega que nos quer ajudar, a compra de um bilhete para um concerto, um jantar de natal, uma pessoa nova que se cruzou no nosso caminho, um cão abandonado que nos pede ajuda, a moeda de 0,20€ que encontramos no chão, a factura do mecânico (e já agora da água, da luz, do gás, ...), a cadeira roída pela cachorra que adoptámos, a falha de rede no telemóvel,... sei lá!
Há alguns meses, andava triste e frustrada com algumas situações da vida e dediquei-me a escrever todos os dias aquilo porque estava grata. Começava sempre com:
- estou grata por...
- estou grata por...
- estou grata por...
Actualmente já não o faço todos os dias, mas sempre que algo me diz "hoje aconteceu algo fantástico que me fez rir" lá vou eu escrever. Hoje por exemplo já escrevi "estou grata por ter visto 1 vídeo no facebook que me fez rir de tal forma que me ficaram a doer as bochechas".
Fazer este trabalho connosco mesmos não é desprezar os problemas que temos, mas antes valorizar as coisas boas de forma a ganharmos mais força para lidar com os problemas. Com o tempo também começamos a ver os problemas de outra forma... eles estão lá, mas não são a única coisa que existe na nossa vida.
Enquanto nos envolvermos única e exclusivamente nos nossos problemas, não conseguimos ver tantas e tantas coisas boas que fazem parte da nossa vida. Os problemas frustram-nos, e se envolvidos por eles, acabamos por não ser capaz de ver através deles as soluções que estão mesmo ali à nossa frente.
Por isso mesmo, vou dar-te um TPC. Se já o fazes, BOA! Estás no caminho certo... Se ainda não o fazes, começa já hoje:
- Pega num bloco de folhas
- Coloca-o perto da tua cama
- Todos os dias antes de dormires escreve aquilo porque estás grato naquele momento ou naquele dia
- Se preferires, usa a técnica do frasco e coloca cada folha de papel dentro de um frasco de vidro
- No final do mês, do ano ou quando quiseres, lê tudo o que foste escrevendo... valerá a pena!
Grata por leres este blog...
Até já,
M@rta
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